CASO DOM & BRUNO
A Polícia Federal prendeu, na última quinta-feira (7), mais um suspeito de envolvimento no homicídio do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips. O crime ocorreu em 5 de junho, na fronteira do Brasil com o Peru. Acusado de ser mandante dos assassinatos, Rubens Villar Coelho é conhecido como "Colômbia" e seria líder de uma rede de narcotráfico na região do Vale do Javari, onde ocorreram os homicídios.
Bruno Pereira era fiscal da FUNAI e teria despertado atenção de "Colômbia", por inibir atividades ilegais na região relacionadas à lavagem de dinheiro de drogas em negócios de pesca e venda de animais silvestres. A PF investiga a relação entre "Colômbia" e os cinco indiciados na ocultação dos cadáveres de Dom e Bruno, entre eles os irmãos Amarildo e Joseney da Costa Oliveira, homicidas confessos.
“Colombia” foi detido, em flagrante, por uso de documentos falsos quando estava sendo ouvido na delegacia de Tabatinga, no Amazonas, sobre suposta participação nos homicídios. Ele nega autoria do crime, que despertou a atenção da mídia e das autoridades mundiais.
Fedealização do caso - Dom e Bruno desapareceram em 5 de junho, no trajeto de barco entre Atalaia do Norte, quando estavam em uma expedição de investigação no Vale do Javari. Seus restos mortais foram encontrados somente no dia 15, quando a polícia anunciou que fora mortes à tiros, esquartejados, queimados e enterrados. Na última quarta-feira (6), a Comissão Temporária do Senado, que investiga os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, aprovou, o relatório feito na semana passada sobre a diligência em Atalaia do Norte e Tabatinga, ambas no Amazonas. A comissão vai pedir à Justiça Federal e ao Ministério Público a federalização das investigações.
O colegiado também defenderá que a apuração sobre o assassinato do funcionário da Funai Maxciel Pereira, em 2019, sejam anexados à investigação, assim como dados sobre as ameaças relatadas desde o início do ano no Vale do Javari, onde ocorreram as mortes de Bruno e Don. De acordo com o relator da comissão, Nelsinho Trad (PSD-AM), que recentemente se reuniu com o procurador-geral da República, Augusto Aras, o Ministério Público Federal tem o mesmo entendimento sobre a federalização das investigações.
Segundo o vice-presidente do colegiado, Fabiano Contarato (PT-ES), que assumiu a relatoria após Trad apresentar sintomas de covid, a comissão está atenta especialmente, à eventual coordenação de mandantes nas mortes de Dom e Bruno.
“Há uma gritante ausência do Estado brasileiro na região, cuja economia é em grande parte dominada pelo poder do tráfico de drogas e da exploração ilegal dos recursos naturais das terras indígenas, como minerais, madeira, pescado e caça. O crime exerce um controle de fato sobre as atividades, que envolvem o financiamento de expedições, cujos elevados custos com combustível, embarcações, mantimentos e outros insumos são demasiadamente caros para que possam ser suportados pelos humildes habitantes daquele local. Mesmo a morte e o ocultamento dos corpos e pertences de Dom e Bruno envolveram os esforços de várias pessoas, o que desperta um justificado receio de que tenha havido coordenação e um mandante”, disse Contarato.
O presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que os senadores constataram pessoalmente o abandono do Vale do Javari pelo Estado brasileiro. Uma situação que traduz, segundo ele, uma política deliberada do atual governo de desmonte das estruturas de fiscalização na Amazônia. “Ficamos particularmente impressionados com as ameaças que existem aos povos indígenas isolados e aos povos indígenas como um todo. O Estado, por opção, deixou de existir no Vale do Javari. Não existe Ibama, os indigenistas são ameaçados, o contingente da Polícia Federal é pequeno. A Amazônia foi liberada para todos os tipos de crimes, foi entregue a criminosos”, lamentou Randolfe.
Na próxima semana, a comissão d Senado vai se reunir com familiares de Bruno e Dom e com o subprocurador-geral da República Carlos Frederico, indicado para a investigação do caso.
Com informações da Agência Senado
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